A programação da Mostra Doc.Rondônia traz ao público um panorama dos documentários realizados nas décadas de 1990 e 2000 em Rondônia e também a produção audiovisual de não-ficção mais recente do estado, estando dividida em quatro programas: Panorama anos 1990; Panorama anos 2000; Panorama contemporâneo; e Homenagem a Alejandro Bedotti. Acesse os links para assistir os filmes gratuitamente em cada um dos menus.
O recorte temporal da Mostra Doc.Rondônia é significativo, em um primeiro momento, pelo fato do período compreendido entre os anos de 1994 e 1998 ter ficado conhecido no Brasil como a “retomada” do cinema nacional, após a crise enfrentada pelo setor com o governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que rebaixou o Ministério da Cultura a Secretaria e extinguiu vários órgãos culturais, como a Empresa Brasileira de Filmes, mais conhecida como Embrafilme.
No caso de Rondônia, é no início dos anos 1990 que o estado começa a registrar algumas iniciativas de produção audiovisual capitaneadas na capital, Porto Velho, pelo realizador Beto Bertagna, que atuou na década de 1980 na implantação do Centro de Produção Audiovisual, um departamento governamental que viraria um núcleo da emissora de televisão educativa Madeira-Mamoré.
É desse período também, mais especificamente em 1989, que o casal de realizadores Lídio Sohn e Pilar de Zayas Bernanos produzem com recursos próprios seu primeiro documentário em Ariquemes, município do interior do estado. Diante da ausência de políticas públicas para o setor no estado, destaca-se, nesse contexto, o empenho e a determinação dos realizadores em concretizar seus projetos audiovisuais.
Em 1997, ocorreu um marco no fomento à produção audiovisual local: a Fundação Cultural e Turística do Estado de Rondônia (Funcetur) divulgou, em parceria com o Ministério da Cultura (MinC), um prêmio de incentivo de vídeo que possibilitou a realização de dez obras audiovisuais, em sua maioria documentários.
Os cineastas Beto Bertagna, Jurandir Costa, o casal Lídio Sohn e Pilar de Zayas Bernanos e Luiz Brito foram os contemplados por essa importante iniciativa, que movimentou o cenário cinematográfico do estado. Infelizmente, a Funcetur, criada em 1996, teve vida curta, sendo extinta em 2000, e não teve a divulgação de mais nenhuma ação para o campo do audiovisual.
Apesar disso, o início dos anos 2000 presenciou a criação na capital rondoniense em 2003 do Cineamazônia, festival de cinema ambiental, de certa forma um fruto, como reconhece um de seus organizadores, Jurandir Costa, do impacto do prêmio da Funcetur no estado, no sentido de se ter uma janela de exibição da produção audiovisual local e demais atividades inerentes dos festivais, como debates, oficinas, diálogo com profissionais do setor etc.
No decorrer dos anos 2000, merecem destaque os documentários realizados em Rondônia e que foram contemplados por ações de fomento ao audiovisual em âmbito nacional notadamente pelos:
a) Programa de Fomento à Produção e Teledifusão do Documentário Brasileiro (DOCTV): O Brasil que começa no rio... (2005) de Beto Bertagna, Quilombagem (2007) de Fernanda Kopanakis e Jurandir Costa, e Garimpo do bom presente (2009) de Alex Badra;
b) Programa Petrobras Cultural – Seleção 2003/2004 Cinema na modalidade de curta metragem em mídia digital: Paisagem ocre (2005) de Odyr Sohn e Pilar de Zayas Bernanos;
c) Concurso Público de Apoio à Produção de Obras Cinematográficas Inéditas de curta metragem (ficção, documentário ou experimental) da Secretaria do Audiovisual: Dana Merril, um fotógrafo no inferno verde (2006) de Beto Bertagna;
d) Edital nº 3 de Produção Curta-metragem 35mm/Ministério da Cultura: Inventário das sombras (2007) de Joesér Alvarez, que ganhou o Digital Arts Award 2007 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Vale destacar que se verifica, nesse período, a ausência de ações de fomento ao audiovisual sob responsabilidade dos governos estadual e/ou de municípios de Rondônia. Somente em 2016 o governo do estado divulgou o Prêmio Lídio Sohn de Audiovisual, que teve uma única edição, em que quatro projetos de documentários foram contemplados.